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    Que tipo de founder você quer ser?

    Um fundador ou um Deus? Em 2023, fundei a Kaleidos Digital, oficializando minha agência de marketing. E por mais que tudo estivesse indo bem, depois do aniversário de um ano da empresa, eu comecei a me questionar sobre o tipo de líder que eu queria ser e os diferentes estilos de liderança que existem por aí. Foi nessa busca que encontrei dois conceitos que realmente me fizeram refletir: o Founder Mode, do Paul Graham, e o God Mode, do Sahil Lavingia. Por mais que esses dois estilos sejam bem diferentes, percebi que, de certa forma, um se inspira no outro. Ambos desafiam o modelo tradicional de gestão que a gente costuma ver por aí e colocam o fundador no centro das decisões, especialmente nos momentos mais complicados.   O Founder Mode, como descrito por Paul Graham, é o estágio em que o fundador está diretamente envolvido em todos os aspectos do negócio. Ele conhece cada detalhe, cada problema e cada oportunidade. No início, essa proximidade é natural. O fundador precisa entender cada passo do produto, do atendimento ao cliente, da cultura da empresa. No Founder Mode, ele é a principal fonte de visão e energia que impulsiona a startup. No entanto, à medida que a empresa cresce, surgem conselhos para que o fundador adote um estilo de gestão mais “profissional”. Isso muitas vezes significa afastar-se do dia a dia e delegar as tarefas para gestores especializados. Paul Graham alerta que essa transição pode ser perigosa. Quando o fundador se distancia demais, a empresa perde a agilidade e a inovação que a tornaram única. No Founder Mode, o foco é manter a essência da criação e garantir que o propósito original continue guiando as decisões da empresa.   Já o God Mode, de Sahil Lavingia, leva essa ideia a um nível ainda mais extremo. Lavingia explica que, além de criar e otimizar, muitas vezes o fundador precisa ser o responsável por destruir partes da empresa para abrir espaço para uma nova fase de crescimento. Ele compara esse processo ao ciclo de criação, preservação e destruição encontrado no hinduísmo: Brahma é o deus criador, Vishnu é o preservador e Shiva é o destruidor, aquele que desfaz o antigo para permitir que o novo surja. No God Mode, o fundador assume um papel semelhante ao de Shiva. Ele precisa ser capaz de enxergar o que já não funciona mais e ter a coragem de desmantelar essas partes para permitir que a empresa se reinvente. Um exemplo muito interessante que ele traz, é a própria experiência na Gumroad, onde decidiu aumentar drasticamente os preços, contrariando a opinião de toda a sua equipe e de investidores. Ele tomou essa decisão porque sabia que, para salvar a empresa, era necessário romper com o status quo, mesmo que isso significasse enfrentar críticas e descontentamentos no curto prazo. Enquanto o Founder Mode é sobre manter a proximidade com o negócio e preservar a visão original, o God Mode exige que o fundador seja impiedoso com o que não está mais funcionando, mesmo que isso envolva destruir o que ele mesmo construiu. O God Mode é particularmente relevante em momentos de crise, quando manter o que existe simplesmente não é mais uma opção.   Percebi que talvez adaptar e enquadrar cada modo em um momento poderia ser extremamente interessante. O Founder Mode é essencial nos estágios iniciais da empresa e durante períodos de crescimento em que é crucial manter a cultura e a essência do negócio. Quando a empresa está em expansão, mas ainda precisa garantir que a inovação e a visão do fundador estejam presentes em cada aspecto, essa proximidade faz toda a diferença. É um modo que valoriza o envolvimento direto e garante que o espírito original da startup não se perca no processo de escalar. Já o God Mode é mais apropriado em momentos de ruptura e mudança. Quando a empresa enfrenta dificuldades ou precisa se adaptar rapidamente a novas realidades do mercado, o God Mode se torna crucial. Ele permite que o fundador faça mudanças radicais, algo que uma abordagem mais tradicional de gestão poderia demorar demais para implementar. É o modo de quem não tem medo de assumir riscos para evitar que a empresa sucumba à inércia.   Por fim, vale mencionar como o conceito de Monk Mode se conecta a esses modos de liderança. Enquanto o Founder Mode e o God Mode tratam de estratégias para liderar uma empresa, o Monk Mode é sobre o preparo pessoal do fundador. Iman Gadzhi defende que, para alcançar um estado de produtividade e foco máximo, é necessário adotar uma rotina disciplinada, onde se eliminam distrações e se prioriza a saúde física e mental. Isso inclui períodos de intenso foco, sem bebidas, com alimentação balanceada, sono de qualidade e exercícios. Embora o Monk Mode seja mais voltado para o desenvolvimento pessoal, ele serve como base para que um fundador esteja mentalmente preparado para enfrentar os desafios tanto do Founder Mode quanto do God Mode. Sem esse preparo, a clareza necessária para tomar decisões difíceis pode ser comprometida. É uma forma de garantir que, quando a hora de criar ou destruir chegar, o fundador esteja em sua melhor forma para decidir o caminho a seguir. Leia um pouco sobre a minha experiência com o Monk Mode

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